Professores(as) e o trabalho remoto no contexto de pandemia da Covid-19

Ao iniciar este diálogo entre professores(as), apresentamos algumas inquietações emergentes desse período de distanciamento geográfico social e de aumento da convivência virtual. De um instante para o outro, tivemos nossas vidas invadidas pela urgência do isolamento. Enquanto professores(as), fomos encaminhados(as) às nossas casas e impelidos(as) a organizar uma nova rotina de vida familiar e de trabalho remoto. Com isso, estamos desafiados(as) a adentrar em outras formas de interação, que considerem a mediação tecnológica como alternativa possível. 

O novo contexto, totalmente atípico, trouxe à tona diferentes perspectivas sobre o papel dos(as) professores(as). Alguns/algumas professores(as) são orientados(as) a parar as atividades de ensino e focar na autoformação, enquanto outros(as) são incumbidos(as) de manter o contato remoto com os estudantes ou sugerir atividades lúdicas para auxiliar as famílias a distrair as crianças nesse período de permanência em casa. Porém, há aqueles(as) que precisam continuar o trabalho de sala de aula agora, de modo virtual, encaminhando tarefas aos estudantes, e desenvolvendo estratégias de ensino mediadas pela tecnologia. 

Diante desse novo cenário, como estão sendo nossos dias? Será que estamos preparados(as) para esses desafios? Como podemos manter o vínculo com os estudantes, interagir e ensinar a distância, em um contexto de pandemia e reorganização da rotina familiar? É possível criar uma escola virtual, com vídeo-aulas ou aulas por webconferência na Educação Básica? É possível pensar em continuar ensinando novos conteúdos enquanto nós, nossos estudantes e suas famílias, buscamos conviver com os desafios do isolamento e o medo do contágio? 

Estamos vivenciando modos diferentes de ser professor(a) e de organizar o nosso tempo fazer pedagógico. São várias questões a serem problematizadas. Somos invadidos(as) por um turbilhão de sentimentos que por vezes geram ansiedade descompassada, por vezes, paralisia. Se não sabemos ao certo que caminhos seguir, que nós possamos nos colocar no movimento de pensar: que escola estamos vivenciando com o distanciamento geográfico social, e que escola possivelmente iremos vivenciar depois da pandemia? Não sabemos o futuro, mas é possível que tenhamos outra escola a partir de agora, com outra forma de compreender e de fazer educação que seja válida neste período de pandemia, com um novo formato didático que certamente construiremos, mas que exige pensarmos alguns condicionantes, como o espaço da casa que é diferente do espaço escolar, as possibilidades de acesso às tecnologias, que ainda não é universalizada, a formação necessária para o trabalho a distância, entre outros. Se tínhamos algumas convicções a respeito da prática docente, neste momentoconvivemos com as incertezas mobilizadas pela necessidade de distanciamento social. 

Quem sabe nos dedicamos a cuidar do presente, a cuidar primeiramente de nós professores. Quem sabe nos rendemos ao convite de sentir nossa respiração, de tocar nossa pele, de acolher nossos medos, e cuidar da nossa saúde mental e física. Com isso, talvez possamos viver momentos mais intensos node compartilhar ideias e experiências, fortalecendo a rede de docentes da qual fazemos parte e com a qual interagimos cotidianamente.Talvez assim, coletivamente, possamos encontrar alternativas para nos ancorar em um porto seguro de tranquilidade e afetos, aqui e agora. 

Como humanos necessitamos uns dos outros, é o coletivo que nos fortalece. Como profissionais, somos um coletivo de professores(as) que, com os(as) estudantes e suas famílias, podem criar soluções que nunca foram testadas anteriormente, e criar novos modos de vida.Apontamos o seguinte desafio: como podemos pensar em uma sala de aula no contexto digital, mesmo diante das diferentes realidades das famílias e dos(as) prefossores(as) no que se refere às dificuldades de acesso à internet e de apropriação digital? O que queremos e podemos fazer?Sejamos sensíveis para compreender o outro e a nós mesmos! Eis aí uma grande oportunidade! 

Ana Laura Salcedo de Medeiros – Professora SEaD e EQA/ FURG 
Denise Vieira de Sena – Professora SEaD e IMEF/ FURG 
Gisele Ruiz Silva – Professora SEaD e IE/ FURG 
Narjara Mendes Garcia – Professora SEaD e IE/ FURG

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